Eleição da mesa causa imbróglio político em Unaí

A eleição para escolha da nova mesa diretora da Câmara de Unaí causou grande impasse e muito reboliço na sede do Poder Legislativo. Mais dois capítulos da trama, os de maior audiência, que envolve uma batalha entre a oposição e a base do governo, foram ao ar nos dias 11 e 18 deste mês, com desgaste imediato para os governistas e desgaste futuro na relação entre ambos os lados.
Entenda o imbróglio
Com uma vereadora afastada pela justiça, a Câmara está com 14 membros, sendo 7 opositores e 7 governistas, e é aí que está o imbróglio. Se a eleição, que deveria ter ocorrido na reunião do dia 4 passado, fosse realizada, daria empate e o candidato da oposição, Paulo Arara, seria declarado eleito por ter maior número de mandatos. Enxergando isto, os governistas, todos eles, faltaram à reunião ordinária, que ocorre toda segunda, e à extraordinária, que deveria ocorrer imediatamente após, para eleição da mesa, e, sem quórum, a mesma não pôde ser realizada. A oposição denunciou, pediu investigação, corte nos salários e tudo mais que entendia ter direito.
A continuação do imbróglio
Com uma nova estratégia que eles entendiam ser mais viável, na tarde de 11 de dezembro, os governistas compareceram à reunião ordinária, mas com o intuito de não participarem da reunião seguinte, a da eleição. Sob a alegação de que têm o direito aos 8 votos, que seria contando com o da vereadora Nair, afastada pela justiça, o vereador Diego finalmente falou em obstrução.
Obstrução
Para alguns, obstruir é um direito, para outros, o direito só existe se estiver expresso no regimento, e isto não está previsto no regimento interno da Câmara de Unaí. A vereadora Dorinha argumentou que além de não existir, o que os governistas estão fazendo nem é obstruir, mas sim faltar e fugir. Tanto que na reunião do dia 11, os vereadores da base do governo deixaram o plenário sob os gritos de fujões. Outras duas reuniões foram marcadas e não se realizaram, novamente por falta de quórum. Até que, no dia 14, a oposição impetrou um mandado de segurança para que a justiça determinasse a realização da eleição com qualquer número de vereadores presentes e conseguiu uma liminar, a reunião então foi marcada para o dia 18.
Pegaram o diácono
Acontece que neste dia haviam duas reuniões de comissão com decisões importantes a serem tomadas, e o vereador Diácono Gê compareceu. Com a presença dele nas comissões, o presidente Edimilton, devidamente assessorado, recorreu ao artigo 126 do regimento interno, que considera presente no plenário os vereadores que estiverem nas reuniões de comissão e abriu a reunião para eleição da mesa.
Arara presidente
Amparado pelo regimento, e ainda por uma ordem judicial, o presidente realizou a reunião que resultou na vitória da Chapa A, encabeçada por Paulo Arara, tendo como vice o vereador Raphael de Paulo, 1º Secretário Waldimix e 2º secretário Eugênio.
Desgaste pesou nas costas de Nair Dayana e Ronei
Buscar a melhor estratégia é uma qualidade do político, porém, a estratégia adotada pela base do governo pesou negativamente na biografia de dois vereadores: Ronei do Novo Horizonte, que mudou recentemente de lado; e Nair Dayana, que foi denunciada pelo Ministério Público por suspeita de rachadinha.
Nair Dayana
A vereadora Nair Dayana foi acusada por uma ex-assessora, posteriormente foi indiciada e passou por uma investigação por suspeita de rachadinha, com direito a busca e apreensão no seu gabinete e afastamento do mandato de vereadora por 30 dias, que acabaram sendo prorrogados por mais 30 e, recentemente, pronunciada pelo Ministério Público. Tudo isso teria outra conotação caso a Câmara não tivesse passado por este imbróglio. Tendo em vista que a fase de investigação passou e o caso já está na justiça, o processo seguiria discretamente e sem muito alarde na mídia. Com o problema na eleição da mesa, que os vereadores de oposição enxergaram como uma interferência do executivo, uma vez que há suspeitas de que o mandatário negociou o voto com a vereadora, o nome Nair Dayana e seu problema com a justiça ficou cada vez mais evidenciado pela mídia e passando de boca em boca, esquina em esquina, e o que é pior, de centenas de celulares para milhares.
Ronei do Novo Horizonte
Ronei do Novo Horizonte mudou de lado, o que é comum no meio político. Porém, três agravantes complicaram a vida do vereador que vem sofrendo imenso desgaste político há um ano das próximas eleições. A primeira agravante: Ronei passou 3 anos, dia a dia, criticando o governo municipal e os vereadores que compunham a base. Segunda agravante: ao invés de seguir o exemplo do vereador Petrônio, cujo grupo adotou a estratégia de se unir ao governo com vistas às próximas eleições, Ronei resolveu apontar culpados e mirou sua metralhadora falatória para todos os lados, sendo inclusive, extremamente deselegante com membros da diretoria da OAB, que prestigiavam a reunião da Câmara. Terceira agravante: o vereador está tentando culpar os profissionais da imprensa por seus devaneios, e com isto vem ganhando negativamente espaços na mídia e passando de boca em boca, esquina em esquina, de centenas de celulares para milhares, tudo por causa de uma batalha sem fim, onde quem vai sair ganhando, ou, perdendo, é uma única pessoa.